Ribeirópolis, município de Sergipe que fica a 75 km da capital, possui pouco mais de 18 mil habitantes. Está situada na zona intermediária, entre o Agreste e o Sertão do Estado, faz limites com as cidades de Frei Paulo, Itabaiana, Moita Bonita, Nossa Senhora das Dores, São Miguel do Aleixo e Nossa Senhora de Aparecida. Atualmente possui 32 povoados. Em 18 de dezembro de 1933, ocorreu a sua emancipação, anteriormente o município era chamado de Saco do Ribeiro. Desde o início do século XX, o povo encaminhava-se às cidades vizinhas para participar de festas populares, principalmente no mês de fevereiro, quando se comemora o Carnaval em todo o país. Isso porque, em Ribeirópolis, não havia nenhuma animação desse tipo no período.

Atualmente, há duas festas tradicionais na cidade: a do Padroeiro Sagrado Coração de Jesus e a dos Santos Reis. Esse último objeto de estudo deste trabalho. O festejo dos Santos Reis precisa ser representado muito mais para o povo dessa cidade do que uma simples folia. Faz parte do folclore, da história e da vida de todos que nasceram, cresceram e vivem no município. 

A brincadeira inicia-se sempre no mês de fevereiro, antes da comemoração do Carnaval no país, e surgiu através da ideia de um fazendeiro da região, José Robustiano de Menezes (Além de Robustiano ter sido um fazendeiro influente, foi prefeito de Ribeirópolis por duas legislaturas, em 1935 e depois em 1946. Chegou a assumir à presidência da Câmara de Vereadores e com a candidatura do prefeito atual na época para Deputado Estadual, Josué Passos, Robustiano volta ao cargo de prefeito. E foi justamente no período do seu terceiro mandato que ele criou, na sua fazenda, em meados do século XX, a festa dos Caretas que permanece até os dias atuais). Ele resolveu se divertir durante o período carnavalesco com os seus trabalhadores e, a partir daí a festa não parou mais. Já se passaram até hoje, 65 anos de comemoração.

Os Caretas: por dentro da história

O festejo acontece em grupo, todos os anos, desde 1950, percorrendo as principais ruas de Ribeirópolis. É formado por crianças, jovens, adultos e até os idosos que não deixam de fazer parte dessa alegria.  O resgate inicia-se logo às 5h da manhã, onde é marcado em um ponto na cidade, e a partir daí, os participantes se encontram e começam mais uma etapa da vida do município. Quase todos os foliões saem caracterizados com vestidos femininos e máscaras no rosto para não serem reconhecidos. O que revela o lado curioso da tradição, visto que ninguém sabe quem está por trás das fantasias. A apresentação dos Caretas, como são conhecidos, entrou para o calendário festivo do povo ribeiropolense. A folia atrai dezenas de visitantes que vêm participar dessa “pequena” brincadeira e, ao longo dos anos, apresenta-se sem interrupções.

O Carnaval dos Caretas já é uma tradição há 65 anos, mas poucos são os registros daquela época. Como não existia a internet, consequentemente, as redes sociais, as pessoas não tinham como divulgar de forma imediata o período carnavalesco. Leniza Meneses de Jesus, filha do fundador da festa, José Robustiano de Menezes, que viveu os primeiros momentos dessa tradição, revelou que as máscaras eram confeccionadas pelo próprio pai e, anteriormente, algumas vinham até do Rio de Janeiro.

Os Caretas: as mudanças

Nos últimos anos, a maioria dos Caretas participava do cortejo sem o uso de máscaras, o que descaracterizava esse patrimônio imaterial de Ribeirópolis que precisava urgente ser preservado, sem extinguir sua essência que nasceu com o intuito de diversão, mistério e surpresa. Essa descaracterização é facilmente percebida durante os últimos anos de folia. Em 2014, pela fotografia, fica cristalino perceber que a grande maioria dos participantes está sem máscara. Se algo não for feito, a festa dos Caretas ficará conhecida como "a festa dos sem caretas".

2017: Festa dos Caretas

Na festa deste ano, a Festa dos Caretas do município se restringiu apenas ao “Cortejo de Caretas”. A nova gestão priorizou o pagamento em dia dos servidores. Segundo a assessoria, a prefeitura precisou tomar esta medida em decorrência da crise financeira em que atravessa o município.

A gestão alega que a tradição principal da festa será mantida: o “Cortejo dos Caretas”. Desde 2015, o festejo se tornou Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de Sergipe, após a sanção da Lei número 8.067/2015, de iniciativa do deputado estadual George Passos (PTC). Vale ressaltar que o portal Cultura Sergipana, que fez parte da Monografia de conclusão de curso da atual Museóloga, Elisângela Barreto Mota, teve grande influência nessa sanção. Espera-se que nos próximos anos, com a dedicação do atual prefeito de Ribeirópolis, Antônio Passos, a Festa mais tradicional do município voltará, sem dúvida, aos anos de glória.